Uma experiência transformadora em Tomepampa

Durante duas semanas, vivi uma das experiências mais marcantes da minha trajetória: um trabalho voluntário no pequeno povoado de Tomepampa, no coração das montanhas peruanas.

Com cerca de mil habitantes, Tomepampa me acolheu com simplicidade, generosidade e um forte senso de comunidade. Ali, participei de ações voltadas à educação, à escuta ativa e ao fortalecimento de vínculos entre diferentes gerações — experiências que, como psicóloga com formação em psicanálise, ampliaram profundamente minha escuta, sensibilidade e atuação diante do outro.

Mais do que oferecer, fui tocada por um saber que nasce da vivência: a sabedoria local, a conexão com a terra e a potência das relações humanas que se sustentam no cuidado mútuo. Foi um ambiente que, como propôs Winnicott, se constituiu como um verdadeiro espaço potencial — um lugar de acolhimento e presença, onde o sujeito pode emergir em sua singularidade.

Essa experiência reafirmou, na prática, o que a teoria já aponta: que a escuta — na sua forma mais profunda — é transformadora. Estar ali, disponível, sem julgamentos, presente no aqui e agora, como nos ensina a ética da psicanálise, permitiu encontros verdadeiros, nos quais algo de novo pôde ser inscrito — tanto na vida do outro quanto na minha.

Voltei de Tomepampa com o coração expandido e a escuta ainda mais afinada. Levo comigo aprendizados que ultrapassam fronteiras e reafirmo meu compromisso com uma atuação ética, sensível e engajada — seja no campo clínico, social, comunitário ou institucional.

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